URGENTE - COMPARTILHEM AO MÁXIMO.
VEJAM O QUE ESTÁ OCORRENDO NO SISTEMA.
ENTREVISTA IMPORTANTE DO EX-SUPERINTENDENTE HAMILTON MITRE (Atual gestor na PPP)
MATÉRIA PRINCIPALMENTE PARA AQUELES QUE SÃO CONCURSANDOS E QUEREM
CONHECER O SISTEMA PRISIONAL EM MG ATRAVÉS DA VISÃO DE UM ESPECIALISTA
NO ASSUNTO.
Hamilton Mitre foi um Superintendente do Sistema Prisional que armou os
agentes com fuzil, criou as fardas da escolta, canil, COPE e GIR e teve
grande apoio dos agentes em sua gestão, sempre recebendo todos de portas
abertas, escreveu vários artigos para tirar dúvidas dos agentes e hoje
se encontra na PPP.
SEGUE A ENTREVISTA QUE ELE NOS PROPORCIONOU E QUE É MUITO VALIOSA EM CONTEÚDO E ENSINAMENTO.
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Henrique boa noite,
encaminho para conhecimento, ou se quiser para publicar, cópia de uma
transcrição de um bate papo que tive com um agente penitenciário de um
blog. Pedi permissão para ele para lhe enviar, já que ele cita um vídeo
que vc fez. Ele só pediu que não divulgasse o nome dele, o que eu fiz.
Mas se quiser publicar ou citar fique a vontade.
No mais quero agradecer as palavras no vídeo e dizer que fico muito
grato pelo reconhecimento, e dizer que será muito bem vindo a equipe do
Estado por parte da GPA. Estamos construindo um modelo novo de gestão, e
no dia a dia acertando todas as imperfeições, com a meta de termos a
melhor unidade em gestão do país. Sua presença e sua maneira de ver o
sistema prisional contribuirá muito na busca deste objetivo.
um grande abraço.
Hamilton Mitre
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Começa aqui...
O senhor consegue nos dizer exatamente o
que está acontecendo de errado no Sistema Prisional?
Acho que não, já me esqueci do tempo de Sistema..(risos)
Brincadeira a parte,
Vejo hoje um amadurecimento no Sistema, em pleno acontecimento, ainda
tenho bons contatos com agentes penitenciários e percebo o nível da crítica
sobre todos os acontecimentos. Amadurecer a tropa torná-la crítica (pensante) é
o maior desafio que a meu ver, e está acontecendo.
Mas porque então que estão acontecendo problemas rebeliões, motins nas
unidades prisionais?
Primeiro, trabalhamos com pessoas presas, insatisfeitas por natureza.
Você como qualquer outro agente penitenciário sabe que todos os dias o que é
feito no Sistema Prisional. É um gerenciamento rotineiro dos conflitos evitando
um mal maior. Respondendo sua pergunta, precisamos colocar uma lente de aumento
nos problemas para podermos entender com exatidão o que anda acontecendo, Minas
Gerais hoje deve estar com aproximadamente uns 50 mil presos no Sistema, qual
foi o último ano com investimento maciço na construção de novas unidades
prisionais do Estado, em equipamentos, e qualificação dos agentes? Já tem
aproximadamente uns 3 anos que isso não acontece.
Mas tudo que está acontecendo é somente pela falta de investimento?
Não, porém, fica muito difícil trabalhar sem recurso, ou com recursos
limitados.
Não está respondendo, queremos saber se acha que a culpa é da gestão,
acho que por ser amigo de quem gere o Sistema evita responder.
Não, muito pelo contrário, sou o crítico, o chato, que fica de uma
posição muito confortável criticando o trabalho deles, a gestão. Digo a vocês que é muito difícil estar à
frente do Sistema Prisional, tem que tomar decisões diárias sobre tudo, e nem
sempre tem o reconhecimento pelo trabalho. Mesmo com tantos servidores
prisionais, estar na parte de cima da gestão nos torna solitário nas decisões. Todos
os órgãos se sentem fiscalizadores, e veem no Sistema um local de corrupção e
tortura. Sinceramente, tenho visto mais acertos que erros, e não faço críticas,
pois sei da dificuldade. Na maioria das vezes toma uma atitude, recebe crítica
dos seus superiores, e de seus comandados, mesmo sabendo que depois de um
tempo, saberão que estava certo.
O que você então faria diferente? Ou faria tudo igual?
Diferente, focaria no Agente Penitenciário. Vocês nunca (faço questão de
frisar) nunca me deixaram na mão.
Sinto um embargo na voz
quando fala dos agentes
É só gratidão. É um bom sentimento. Começo a lembrar de vários episódios
de tentativa de motins e rebeliões pelo Estado, e era só um telefonema para os
diretores das regiões e em minutos na madrugada tinha quinze viaturas na estrada.
Nunca amanheceu um dia sem o problema ter sido resolvido. Muitas histórias, se
um dia quiser saber de todas vem tomar um café comigo que te conto. (risos)
Alguma história em especial?
Várias, acho que todas. Porém tem uma boa. No final do ano de 2009,
dezembro se não me engano, recebi um telefonema do diretor de Manhuaçu na parte
da tarde de um sábado dizendo que com a chuva que não parava na cidade em
poucas horas o presídio estaria inundado pelas águas de um córrego próximo. No
início da noite o diretor voltara a me ligar me dizendo que a situação estava
crítica a cidade estava sem luz e a água já alcançara a porta da unidade.
E o que foi feito?
A parte boa da história, para quem vive atrás da mesa um pouco de
operacional faz bem. Acionei o Danunzio que à época era o diretor de segurança
interna da minha superintendência, e saímos de BH destino a Manhuaçu, missão:
tirar 200 presos da unidade. Durante o trajeto da viagem contatamos várias
unidades da região para nos apoiar na transferência, quando chegamos à unidade
tínhamos 06 viaturas (Valadares, Ponte Nova, Caratinga, Monlevade, (esqueci
uma) e a própria de Manhuaçu), a água já estava dentro de parte da unidade. E o
melhor, todos os agentes, mesmo os que não estavam de plantão estavam na
unidade como voluntários, sabiam que naquelas condições a segurança estava
fragilizada. Durante a madrugada decidimos levar todos os 200 presos para o
Presídio de Ponte Nova que estava parcialmente pronto, (a parte das celas já
estava em condições de uso), o diretor da unidade conseguiu junto ao município
quatro ônibus de linha urbana para fazermos o transporte.
Tinha luz na unidade?
Neste momento que decidimos pela transferência, sim.
E como termina?
Lembrei-me de um fato curioso, porém vou pegar a sequencia da história,
paramos os ônibus na porta da unidade e a água cobria totalmente os pneus,
dividimos as equipes de escolta que iriam dentro dos ônibus, a equipe de apoio
e escolta nas viaturas, acertamos a faixa dos rádios para operação, calculamos
o tempo de deslocamento, acertamos a logística da alimentação para os presos no
dia seguinte na unidade de Ponte Nova.
E o fato curioso?
Pois bem, precisávamos identificar os presos e não tínhamos o sistema
infopen e nem as pastas dos presos. A solução foi dada por um agente
penitenciário que se não me engano era o coordenador na época naquela unidade.
Os presos saiam da cela, quando ainda estavam longe o agente/coordenador me
dizia em voz baixa o nome e infopen do preso, eu perguntava quando o preso
chegava o nome e infopen e anotava, e o agente conseguiu me dizer os nomes de
200 presos que estavam matriculados naquele presídio.
E conseguiram transferir sem problemas?
Sim. Saímos de Manhuaçu por volta das 3 da manhã escoltando 4 ônibus com
200 presos e chegamos no Presídio de Ponte Nova as seis da manhã. Assim que
deixamos os presos instalados no presídio voltamos para BH. Ao final da tarde
de domingo recebo um telefonema do secretário de defesa social da época me dizendo
que tinha acabado de receber um telefonema do juiz da comarca informando da
preocupação com as chuvas torrenciais e com a enchente que a cidade estava
enfrentando. Estava muito preocupado porque já estava sabendo que as águas já
tinha tomado o presídio. Com muita satisfação e sensação de dever cumprido
disse: esquenta não, já fomos lá à madrugada e tiramos os 200 presos e levamos
para um local seguro. Ele disse: Sério? Disse a ele como ocorreu todo o
procedimento, a pro atividade da equipe e o resultado satisfatório. Essa é
apenas a história mais curta, entende agora minha gratidão?
Esses dias atrás teve um vídeo postado pelo Agente Henrique Corleone
elogiando sua forma de gestão, você viu?
Vi sim recebi vários e-mails com o link.
O que achou?
Agradecido, como sempre, pela forma e pelo respeito nas palavras. Recebi
o Henrique ainda como candidato a agente penitenciário com um grupo que
esperava a nomeação no concurso. A época eu tinha a função de Assessor chefe da
Suapi, ainda não era o superintendente. Sempre tratei com respeito todos os
servidores, ouvindo os questionamentos e ponderações, e sempre tentei achar um
melhor termo para solução dos problemas. O bom de quem estava sempre cobrando
melhorias, como foi o caso do Henrique, torna-se peça fundamental para me
auxiliar na solução. E isso acarretou uma amizade baseada no respeito. Não só
com ele, mas fazia questão de agir dessa forma com todos os agentes
penitenciários do Estado que despontavam como lideranças, criando espaço e
formando pontes com a gestão.
Você acha que isso ocorre hoje? Não seria isto o que está faltando?
Lideranças ou pontes?..(risos)
Pontes com a gestão
Lideranças têm isso é natural e tem em toda parte. Com uma gestão
política, as pontes estão sempre em construção, quando caem, necessitam de nova
construção e em muitos casos deve se iniciar do zero.
Quem deveria construir essas “pontes” Mourão, Murilo, diretores?
Todos. E principalmente os maiores interessados nas melhorias que são os
agentes penitenciários.
Desculpe-me, mas tenho ainda uma série de perguntas para lhe fazer,
podemos gravar novamente outro dia?
Sim, estou sempre à disposição.
Uma última pergunta, você voltaria para o Sistema?
Não. Acho desnecessário.
Por quê?
Tem muitos servidores de carreira com ideias novas e melhores que as
minhas espalhadas pelos quatro cantos de Minas Gerais.
Do concurso de 2007?
(risos) De todos os concursos, e pode estar inclusive neste novo
concurso onde os candidatos nem tomaram posse ainda.
Tem alguma coisa para dizer para concluirmos?
Primeiro quero agradecer a paciência em me ouvir, mas quero dizer que
acredito muito no trabalho que fazem, e sei com total certeza que todos fazem
parte de uma engrenagem importantíssima na defesa social. Sinto-me orgulhoso e
muito protegido quando passo na porta de unidades ou vejo viaturas na rua. Sei
do empenho além do normal de todos para que tudo possa correr da melhor forma.
Enfim, não podem desanimar, sigam em frente que a vitória nesta guerra é certa.
E dizer também a todos que busquem conhecimento, acadêmico e na vida, apliquem
este conhecimento no dia a dia, falem do sistema de forma construtiva, e
orgulhem-se da farda que vestem.
Obrigado a vocês e levem a todos um grande abraço.Fonte: Blog do Corleone
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